sábado, 26 de janeiro de 2019

Guerra Civil de Espanha

"GUERNICA" de Pablo Picasso
Exposta atrás de um vidro à prova de balas no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid, está Guernica, a obra que talvez seja a melhor expressão do horror e da brutalidade da guerra desde a série de águas-fortes Desastres da Guerra, de Francisco Goya (c.1810-1820).


Em 1936, quando a Guerra Civil Espanhola eclodiu, Picasso vivia em França. Leal à república, ele foi incumbido pelo governo espanhol de pintar uma tela para a Exposição Universal de 1937, em Paris. Em abril, contudo, a cidade basca de Guernica foi bombardeada durante um ataque nazi que matou 1.600 pessoas. Picasso inspirou-se nesse evento para criar a sua vigorosa obra de protesto contra os fascistas liderados pelo generalíssimo Francisco Franco.
A tela, com 3,5m por 7,8m, é pintada em cinza e branco. Os seus tons monocromáticos refletem a tristeza do evento e conferem à pintura uma impressão de relato. As suas exuberantes imagens dão vazão a várias interpretações - um touro, um cavalo, uma lâmpada; pessoas correndo, atónitas, com a agonia e o horror estampados no rosto, uma arma com uma flor e uma espada partida. Picasso, contudo,  recusava-se a esclarecer o possível significado desses símbolos. Já o significado da famosa imagem da mulher chorando sobre o corpo do filho morto é óbvio.
Na foto abaixo é possível termos uma ideia da sua dimensão:



Depois de ser exibida em Paris, Guernica circulou pela Europa, até ser mostrada no MoMA de Nova York. A obra retornou à Espanha em 1981, depois da morte de Franco, porque Picasso havia dito que o mural deveria voltar somente quando o país se tornasse uma democracia novamente.

Numa exposição, o general alemão Otto Abetz, governador da cidade de Paris durante a ocupação nazi, dirigindo-se a Picasso,  perguntou-lhe:
"Foi o senhor quem fez este horror?"
Picasso teria respondido:
"Não, senhor embaixador. Esse horror foi feito pelos senhores!"

in arteemerson.blogspot.com


A GUERRA CIVIL DE ESPANHA (síntese)

Desde a 1ª Guerra mundial que a Espanha atravessava uma grave situação económica, social e política.
  • 1923 – Ditadura Militar do General Primo de Rivera com a cumplicidade do Rei Afonso XIII
  • 1931 – Queda da Monarquia e instauração da República
  • 1936 – A “Frente Popular” (socialistas, comunistas e outros republicanos de esquerda) vence as eleições com maioria absoluta.
  • Reação violenta das forças conservadoras (Nacionalistas), chefiadas pelo General Franco que lidera a revolta militar.


GUERRA CIVIL (1936/1939)

NACIONALISTAS                      REPUBLICANOS

“General Franco”                         “Frente Popular”
Apoiantes
Apoiantes
  • Exército Espanhol
  • Itália
  • Alemanha
  • Portugal
  • URSS
  • Brigadas Internacionais (voluntários defensores da democracia)


  • 1939 – Vitória do General Franco que instaurou um Regime Ditatorial de tipo fascista, que durou até 1975 e cujo lema era “Franco manda e a Espanha obedece”.

CONCLUSÕES:

  1. PASSIVIDADE DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS: a Grã-Bretanha e a França decidiram não interferir no conflito com medo que este se transformasse numa guerra mundial.
  2. CAMPO DE ENSAIO PARA A ALEMANHA: Hitler aproveitou a participação da Alemanha na Guerra Civil de Espanha para testar os seus homens e o seu armamento.
  3. PREFIGURAÇÃO DOS BLOCOS QUE SE IRIAM DEFRONTAR NA 2ª GUERRA MUNDIAL.



 









Um nome
Di-lo-ei pela cor dos teus olhos,
pela luz

onde me deito;
di-lo-ei pelo ódio,pelo amor
com que toquei as pedras nuas,
por uns passos verdes de ternura,
pelas adelfas,
quando as adelfas nestas ruas
podem saber a morte;
pelo mar
azul,
azul-cantábrico,azul-bilbau,
quando amanhece;
di-lo-ei pelo sangue
violado
e limpo e inocente;
por uma árvore,
uma só árvore,di-lo-ei:
Guernica!

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O encontro mundial de culturas



O ENCONTRO MUNDIAL DE CULTURAS


As migrações de um continente para o outro intensificaram-se no século XVI, os hábitos alimentares e de consumo mudaram e o relacionamento entre povos trouxe fenómenos de assimilação e aculturação. 


O comércio intercontinental provocou alterações nos hábitos do quotidiano e na agricultura mundial. A partir do século XVI a produção e consumo de espécies vegetais alargou-se a outros continentes.


CONTINENTE AMERICANO
CONTINENTE ASIÁTICO
CONTINENTE AFRICANO
       Milho
     Batata
     Tomate
     Feijão
     Cacau
     Ananás
     Tabaco
     Amendoim

        Especiarias

      Coco

      Chá

      Soja

      Laranja doce

      Banana

       Malagueta

     Café

     Óleo de palma

     Sorgo

 

O domínio europeu na América, em África e na Ásia levou a fenómenos de aculturação. A religião, as línguas e os hábitos culturais europeus tenderam a impor-se aos outros povos.


A miscigenação foi outro fenómeno que se deve ao cruzamento de portugueses e espanhóis com mulheres índias e africanas, do qual nasceram mamelucos (mistura de europeu com índia), mulatos (europeu e africana) e cafusos (africano e índia).

A prática da escravatura, levando ao transporte de parte da população africana para a América e para a Europa, acentuou a miscigenação (mistura de povos de diferentes origens) e criou nos europeus um sentimento de superioridade em relação aos povos indígenas (povos originários de outro país ou região). Esta atitude despertou em alguns europeus, nomeadamente em elementos do clero, a consciência da necessidade de defesa de povos que eram subjugados por outros.


“Não se admite, nem a razão humana consente, que jamais houvesse no Mundo venda pública de comprar e vender homens livres e pacíficos, como quem compra e vende animais, bois ou cavalos e semelhantes. Assim os conduzem, trazem e levam e escolhem com tanto desprezo e violência como faz o magarefe (aquele que abate o animal) ao gado no curral.”

                                                Padre Fernando de Oliveira, Arte de Guerra no Mar, século XVI (adaptado)


Mas, na prática o interesse económico na escravatura acabou por se impor e fazer durar por mais três séculos os abusos e a servidão a que índios e, sobretudo, africanos eram sujeitos.


Na EUROPA…

Desde o final do século XV que se impôs uma tendência de uniformização cultural e religiosa das sociedades europeias. Acreditava-se que a existência de uma única religião e modo de pensar facilitaria a unidade política da sociedade e a ausência de conflitos.

Por toda a Europa existiam comunidades de judeus que viviam em bairros próprios, as  "judiarias". Em Portugal e Espanha, existiam ainda muçulmanos, os chamados "mouros" que viviam nas "mourarias". Os sentimentos de intolerância em relação a judeus e mouros eram fortes entre o povo e o clero e acabaram por ter consequências. Nos finais do século XV foram forçados a converter-se ao catolicismo. Estes “convertidos” chamavam-se “cristãos-novos”. Mesmo assim, a intolerância reinante teve dificuldade de aceitar os convertidos.


Infelizmente, a violência e intolerância em relação a pessoas de religião, cultura ou cor de pele diferentes perduraram ao longo da História e até hoje.