Exposta atrás de um vidro à prova de balas no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid, está Guernica, a obra que talvez seja a melhor expressão do horror e da brutalidade da guerra desde a série de águas-fortes Desastres da Guerra, de Francisco Goya (c.1810-1820).
Em 1936, quando a Guerra Civil Espanhola eclodiu, Picasso vivia em França. Leal à república, ele foi incumbido pelo governo espanhol de pintar uma tela para a Exposição Universal de 1937, em Paris. Em abril, contudo, a cidade basca de Guernica foi bombardeada durante um ataque nazi que matou 1.600 pessoas. Picasso inspirou-se nesse evento para criar a sua vigorosa obra de protesto contra os fascistas liderados pelo generalíssimo Francisco Franco.
A tela, com 3,5m por 7,8m, é pintada em cinza e branco. Os seus tons monocromáticos refletem a tristeza do evento e conferem à pintura uma impressão de relato. As suas exuberantes imagens dão vazão a várias interpretações - um touro, um cavalo, uma lâmpada; pessoas correndo, atónitas, com a agonia e o horror estampados no rosto, uma arma com uma flor e uma espada partida. Picasso, contudo, recusava-se a esclarecer o possível significado desses símbolos. Já o significado da famosa imagem da mulher chorando sobre o corpo do filho morto é óbvio.
Na foto abaixo é possível termos uma ideia da sua dimensão:
Depois de ser exibida em Paris, Guernica circulou pela Europa, até ser mostrada no MoMA de Nova York. A obra retornou à Espanha em 1981, depois da morte de Franco, porque Picasso havia dito que o mural deveria voltar somente quando o país se tornasse uma democracia novamente.
Numa exposição, o general alemão Otto Abetz, governador da cidade de Paris durante a ocupação nazi, dirigindo-se a Picasso, perguntou-lhe:
"Foi o senhor quem fez este horror?"
Picasso teria respondido:
"Não, senhor embaixador. Esse horror foi feito pelos senhores!"
in arteemerson.blogspot.com
A GUERRA CIVIL DE ESPANHA (síntese)
Desde a 1ª Guerra mundial que a Espanha atravessava uma grave situação económica, social e política.
- 1923 – Ditadura Militar do General Primo de Rivera com a cumplicidade do Rei Afonso XIII
- 1931 – Queda da Monarquia e instauração da República
- 1936 – A “Frente Popular” (socialistas, comunistas e outros republicanos de esquerda) vence as eleições com maioria absoluta.
- Reação violenta das forças conservadoras (Nacionalistas), chefiadas pelo General Franco que lidera a revolta militar.
NACIONALISTAS REPUBLICANOS
“General Franco” “Frente Popular”
Apoiantes
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Apoiantes
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- 1939 – Vitória do General Franco que instaurou um Regime Ditatorial de tipo fascista, que durou até 1975 e cujo lema era “Franco manda e a Espanha obedece”.
CONCLUSÕES:
- PASSIVIDADE DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS: a Grã-Bretanha e a França decidiram não interferir no conflito com medo que este se transformasse numa guerra mundial.
- CAMPO DE ENSAIO PARA A ALEMANHA: Hitler aproveitou a participação da Alemanha na Guerra Civil de Espanha para testar os seus homens e o seu armamento.
- PREFIGURAÇÃO DOS BLOCOS QUE SE IRIAM DEFRONTAR NA 2ª GUERRA MUNDIAL.
Um nome
Di-lo-ei pela cor dos teus olhos,
pela luz
onde me deito;
di-lo-ei pelo ódio,pelo amor
com que toquei as pedras nuas,
por uns passos verdes de ternura,
pelas adelfas,
quando as adelfas nestas ruas
podem saber a morte;
pelo mar
azul,
azul-cantábrico,azul-bilbau,
quando amanhece;
di-lo-ei pelo sangue
violado
e limpo e inocente;
por uma árvore,
uma só árvore,di-lo-ei:
Guernica!
pela luz
onde me deito;
di-lo-ei pelo ódio,pelo amor
com que toquei as pedras nuas,
por uns passos verdes de ternura,
pelas adelfas,
quando as adelfas nestas ruas
podem saber a morte;
pelo mar
azul,
azul-cantábrico,azul-bilbau,
quando amanhece;
di-lo-ei pelo sangue
violado
e limpo e inocente;
por uma árvore,
uma só árvore,di-lo-ei:
Guernica!
Eugénio de Andrade
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