terça-feira, 12 de novembro de 2024

A rivalidade luso-castelhana

1492 - A descoberta das Antilhas, na  América Central,  por Cristóvão Colombo  levou a um grave conflito entre Portugal e Castela.

1493 - D. João II reivindicou o direito aos territórios descobertos porque segundo o   Tratado de Alcáçovas­-Toledo, assinado em 1479, estes encontravam-se a sul do paralelo de Alcáçovas, área de exploração dos portugueses.


O Papa Alexandre VII propôs a elaboração de um novo Tratado que pusesse fim à rivalidade entre os dois reinos. A sua proposta apontava para a divisão do mundo segundo um meridiano que passava a 100 léguas a oeste de Cabo Verde.
D. João II exige que o meridiano seja traçado a 370 léguas das referidas ilhas.

1494 - Após demoradas negociações, Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo em duas grandes áreas de influência. Todos os territórios descobertos ou a descobrir a Oriente do meridiano pertenceriam a Portugal; os territórios a Ocidente pertenceriam à Espanha.


Estava instituído o princípio do  Mare Clausum, o mar fechado.   As potências ibéricas gozavam do exclusivo de navegação e comércio nas terras descobertas ou a descobrir.

Conclusão: D. João II garantiu, assim, o caminho marítimo para a Índia e uma parte do Brasil, ainda por descobrir.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O Império Português do Oriente



A descoberta do caminho marítimo para a Índia, pelos portugueses,  foi o início da expansão e exploração comercial das terras e dos mares da Ásia. Foi necessária uma forte organização política e militar para controlar uma tão extensa área geográfica.
A implantação do domínio português no Oriente deveu-se à ação de:

1º - D. Francisco de Almeida (1505-1509) - primeiro Vice-Rei da Índia que criou uma poderosa armada para controlar a navegação no Oceano Índico e mandou construir fortalezas ao longo da costa oriental africana.

2º - Afonso de Albuquerque (1510-1517) - segundo Governador da Índia que também dominou os mares, mas apostou na conquista de cidades estratégicas como Ormuz, Goa e Malaca, nas quais construiu fortalezas.

Conclusões:
  • Portugal passou a controlar no século XVI rotas comerciais que iam do Golfo Pérsico aos Mares da China e do Japão;
  • As mercadorias eram recolhidas em Goa (capital do Império Oriental) e através da Rota do Cabo enviadas para Lisboa;
  • Em Lisboa, a Casa da Índia recebia e vendia os produtos, organizava as armadas e nomeava os funcionários para as feitorias ultramarinas.


Afonso de Albuquerque enviou, de Malaca, uma frota que explorou as ilhas da Indonésia, das Molucas, acabando por descobrir Timor. Pela mesma altura, Portugal estende as suas relações comerciais à China e ao Japão.


Macau era um ponto de encontro comercial e cultural entre os portugueses e o fechado e misterioso império chinês. Era um local de salteadores e os Chineses tinham dificuldade em defender as zonas costeiras próximas. Prometeram, então, aos portugueses a concessão de Macau caso estes os livrassem dos piratas, o que veio a acontecer em 1557.

O encontro mundial de culturas



O ENCONTRO MUNDIAL DE CULTURAS


As migrações de um continente para o outro intensificaram-se no século XVI, os hábitos alimentares e de consumo mudaram e o relacionamento entre povos trouxe fenómenos de assimilação e aculturação. 


O comércio intercontinental provocou alterações nos hábitos do quotidiano e na agricultura mundial. A partir do século XVI a produção e consumo de espécies vegetais alargou-se a outros continentes.


CONTINENTE AMERICANO
CONTINENTE ASIÁTICO
CONTINENTE AFRICANO
       Milho
     Batata
     Tomate
     Feijão
     Cacau
     Ananás
     Tabaco
     Amendoim

        Especiarias

      Coco

      Chá

      Soja

      Laranja doce

      Banana

       Malagueta

     Café

     Óleo de palma

     Sorgo

 

O domínio europeu na América, em África e na Ásia levou a fenómenos de aculturação. A religião, as línguas e os hábitos culturais europeus tenderam a impor-se aos outros povos.


A miscigenação foi outro fenómeno que se deve ao cruzamento de portugueses e espanhóis com mulheres índias e africanas, do qual nasceram mamelucos (mistura de europeu com índia), mulatos (europeu e africana) e cafusos (africano e índia).

A prática da escravatura, levando ao transporte de parte da população africana para a América e para a Europa, acentuou a miscigenação (mistura de povos de diferentes origens) e criou nos europeus um sentimento de superioridade em relação aos povos indígenas (povos originários de outro país ou região). Esta atitude despertou em alguns europeus, nomeadamente em elementos do clero, a consciência da necessidade de defesa de povos que eram subjugados por outros.


“Não se admite, nem a razão humana consente, que jamais houvesse no Mundo venda pública de comprar e vender homens livres e pacíficos, como quem compra e vende animais, bois ou cavalos e semelhantes. Assim os conduzem, trazem e levam e escolhem com tanto desprezo e violência como faz o magarefe (aquele que abate o animal) ao gado no curral.”

                                                Padre Fernando de Oliveira, Arte de Guerra no Mar, século XVI (adaptado)


Mas, na prática o interesse económico na escravatura acabou por se impor e fazer durar por mais três séculos os abusos e a servidão a que índios e, sobretudo, africanos eram sujeitos.


Na EUROPA…

Desde o final do século XV que se impôs uma tendência de uniformização cultural e religiosa das sociedades europeias. Acreditava-se que a existência de uma única religião e modo de pensar facilitaria a unidade política da sociedade e a ausência de conflitos.

Por toda a Europa existiam comunidades de judeus que viviam em bairros próprios, as  "judiarias". Em Portugal e Espanha, existiam ainda muçulmanos, os chamados "mouros" que viviam nas "mourarias". Os sentimentos de intolerância em relação a judeus e mouros eram fortes entre o povo e o clero e acabaram por ter consequências. Nos finais do século XV foram forçados a converter-se ao catolicismo. Estes “convertidos” chamavam-se “cristãos-novos”. Mesmo assim, a intolerância reinante teve dificuldade de aceitar os convertidos.


Infelizmente, a violência e intolerância em relação a pessoas de religião, cultura ou cor de pele diferentes perduraram ao longo da História e até hoje.