O ENCONTRO MUNDIAL DE
CULTURAS
As migrações de um continente
para o outro intensificaram-se no século XVI, os hábitos alimentares e de
consumo mudaram e o relacionamento entre povos trouxe fenómenos de assimilação
e aculturação.
O comércio intercontinental
provocou alterações nos hábitos do quotidiano e na agricultura mundial. A
partir do século XVI a produção e consumo de espécies vegetais alargou-se a
outros continentes.
CONTINENTE AMERICANO
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CONTINENTE ASIÁTICO
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CONTINENTE AFRICANO
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Milho
Batata
Tomate
Feijão
Cacau
Ananás
Tabaco
Amendoim
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Especiarias
Coco
Chá
Soja
Laranja doce
Banana
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Malagueta
Café
Óleo de palma
Sorgo
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O domínio europeu na América, em
África e na Ásia levou a fenómenos de aculturação.
A religião, as línguas e os hábitos culturais europeus tenderam a impor-se aos
outros povos.
A miscigenação foi outro fenómeno que se deve ao cruzamento de
portugueses e espanhóis com mulheres índias e africanas, do qual nasceram mamelucos
(mistura de europeu com índia), mulatos (europeu e africana) e cafusos
(africano e índia).
A prática da escravatura, levando ao transporte de parte da população africana
para a América e para a Europa, acentuou a miscigenação (mistura de povos de
diferentes origens) e criou nos europeus um sentimento de superioridade em
relação aos povos indígenas (povos originários de outro país ou região). Esta
atitude despertou em alguns europeus, nomeadamente em elementos do clero, a
consciência da necessidade de defesa de povos que eram subjugados por outros.
“Não se admite,
nem a razão humana consente, que jamais houvesse no Mundo venda pública de
comprar e vender homens livres e pacíficos, como quem compra e vende animais,
bois ou cavalos e semelhantes. Assim os conduzem, trazem e levam e escolhem com
tanto desprezo e violência como faz o magarefe (aquele que abate o animal) ao
gado no curral.”
Padre Fernando de Oliveira, Arte de Guerra no Mar, século XVI (adaptado)
Mas, na prática o interesse
económico na escravatura acabou por se impor e fazer durar por mais três
séculos os abusos e a servidão a que índios e, sobretudo, africanos eram
sujeitos.
Na EUROPA…
Desde o final do século XV que se
impôs uma tendência de uniformização cultural e religiosa das sociedades
europeias. Acreditava-se que a existência de uma única religião e modo de
pensar facilitaria a unidade política da sociedade e a ausência de conflitos.
Por toda a Europa existiam
comunidades de judeus que viviam em bairros próprios, as "judiarias". Em
Portugal e Espanha, existiam ainda muçulmanos, os chamados "mouros" que viviam
nas "mourarias". Os sentimentos de intolerância em relação a judeus e mouros
eram fortes entre o povo e o clero e acabaram por ter consequências. Nos finais
do século XV foram forçados a converter-se ao catolicismo. Estes “convertidos”
chamavam-se “cristãos-novos”. Mesmo assim, a intolerância reinante teve
dificuldade de aceitar os convertidos.
Infelizmente, a violência e
intolerância em relação a pessoas de religião, cultura ou cor de pele
diferentes perduraram ao longo da História e até hoje.